Estudo mostra que mais de 70% dos brasileiros apoiam endurecimento da lei e rejeitam fala de Lula sobre usuários serem ‘responsáveis pelos traficantes’
Resultado expõe distância entre população e governo na política de segurança e combate ao crime organizado
Uma pesquisa nacional realizada pelo Instituto de Planejamento Estratégico (Ibespe) apontou que sete em cada dez brasileiros defendem que facções criminosas sejam classificadas como grupos terroristas. O levantamento foi feito entre 3 e 10 de novembro com 1.010 entrevistados por telefone e margem de erro de 3,1 pontos percentuais.
Ao todo, 72,8% apoiam a equiparação das facções ao terrorismo.
18,8% são contra, e 8,4% não souberam responder.
Apoio mais forte no Centro-Oeste e Sul; Norte tem menor adesão
O apoio é maior nas regiões:
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Centro-Oeste – 80,6%
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Sul – 75,4%
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Sudeste – também acima da média
A menor aprovação veio do Norte, com 64,8%.
Homens apoiam mais a medida (78,7%) do que mulheres (67,5%).
A faixa etária que mais defende o endurecimento é entre 35 e 44 anos (76,8%).
Entre evangélicos, a aprovação chega a 79,6%.
Eleitores de Bolsonaro apoiam em massa; entre lulistas apoio cai drasticamente
O recorte eleitoral mostrou enorme contraste:
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85,9% dos eleitores de Jair Bolsonaro defendem que facções sejam tratadas como terrorismo.
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Entre os que votaram em Lula, o índice cai para 59,6%.
Fala de Lula sobre usuários gera rejeição
A pesquisa também avaliou a repercussão da fala de Lula, em outubro, na Indonésia, quando o presidente afirmou que usuários de drogas seriam “responsáveis pelos traficantes”.
A reação foi negativa:
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43,6% disseram que Lula “se confundiu”;
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38,3% acreditam que Lula realmente pensa o que disse.
A frase reacendeu debates sobre responsabilidade criminal e política antidrogas no país.
Projeto avança no Congresso, mas enfrenta resistência
A proposta de equiparar facções ao terrorismo está em discussão na Câmara. O deputado Guilherme Derrite (PP-SP), secretário licenciado de Segurança de São Paulo, é o relator do Projeto de Lei Antifação, enviado pelo próprio governo federal.
Na primeira versão, Derrite sugeriu alterar a Lei Antiterrorismo para incluir facções criminosas entre os alvos da norma, com as mesmas penas aplicadas a terroristas.
Mas nesta terça-feira (11), após pressões, o deputado recuou e retirou a menção à Lei Antiterrorismo do relatório final.